sábado, 15 de janeiro de 2011

As vendedoras

A natureza possui uma cadeia interessante no mundo do comércio. Há um tipo de animal nesse ciclo que me tira fortemente do sério sem que haja algum esforço para tal: as vendedoras. Seja de loja de roupas, de papelaria, de farmácia... Elas estão por toda parte e são segmentadas de acordo com o grau de pentelhice para o qual foram treinadas. Para cada área, um nível.

Todo mundo sabe que quem vende as coisas são as coisas por si só. Você vê um comercial e se identifica, sente necessidade de algo, vai na loja e encontra. No fim das contas, vendedoras deveriam ser apenas facilitadoras da venda. O que acontece, porém, é que elas têm o dom de fazer com que você se sinta um assaltante a mão armada em uma inofensiva visitinha.



De acordo com pesquisas (mentira, nem tem pesquisa), vendedoras sentem a presença dos clientes pelo cheiro. Antes de dominar suas presas, elas realizam um famoso ritual de acasalamento, mais conhecido como ''Abordagem''.

''Oi...'' (salivando)
''Oi.''
''Posso ajudar?'' - elas querem ajudar a qualquer custo. A vida da mãe delas depende disso.
''Então... não. É que eu tô só dando uma olhadinha mesmo...''
''Ah. Ok. Fica à vontade!''

Decorem esta frase: ''Fica à vontade''. É o veneno letal deste tipo de animal. Quando uma vendedora manda você ficar à vontade, ela lhe injeta milímetros cúbicos de um tipo de paralisador que deixa o cliente tenso e propenso à compra.



(15 segundos depois)
''Seria presente?''
''Não. Eu estou REALMENTE só olhando...''
''Tudo bem. Fica à vontade!''

Percebam a insistência no sequencial de ''Fica à vontade''. Neste segundo momento, a situação piora. É quando elas usam seu combo de 500k: presença fixa ao lado do cliente + prestatividade excessiva com informações sobre preços, modelos, tamanhos... Nossa famosa ótica do QUEM PERGUNTOU. Para cada produto que pega-se em mãos, um valor é proferido da boca delas.

Você pega um caderno e...
''R$ 19,90!''
''Ah... brigado''

Ou olha algumas blusas na arara e...
''Só tem P e M''

É capaz de um dia chega você chegar na farmácia, pegar um viagra e brotar uma vendedora do seu lado dizendo:
''Gozei!''



Tem também a pressão que elas botam para que você se decida por algo, mesmo que você nem esteja com dúvida. O processo é lento,  dada a discreta aproximação física, mas o bote é instantâneo:

''E aí? Decidiu? Gostou de alguma coisa?''

Vendedoras têm pressa. Há uma lista da vez pregada em alguma parte do balcão do caixa, na qual está a escala das predadoras da loja. Quanto mais rápida e eficaz for a venda, mais vítimas elas poderão fazer. E nós? Nós TEMOS QUE ACABAR COM ISSO.

Um truque que desenvolvi para afugentar esse tipo de mamífero é o de perguntar se tem coisas tão, mas tão específicas, que elas se sintam um lixo por não ter e deixem você seguir em paz.

''Posso ajudar?''
''Sim, eu queria um vestido longo, só que até o joelho, de renda bem sensual, transparências, com mangas bufantes e alcinhas de silicone. Ah! Se você tiver em estampa de estrelas de davi e candelabros, melhor ainda! Adoro judaísmo.''



Infelizmente nem sempre funciona. Vez ou outra elas acabam tendo e pedem para você esperar enquanto procuram no estoque. É sua chance! Fuja! Fuja para as colinas! Mas seja rápido, porque elas também são. Infelizmente, muitos de nós não resistimos:

''Ok...vou...vou levar''
''Só isso mesmo, senhor?'' - elas sempre acham pouco o que você leva e empurram algo mais ''para combinar. O dicurso é sempre o mesmo:

''Leva esse cintinho preto da menina da novela. Tá super transado'' - se a novela for do Manoel Carlos e a menina fizer par com o José Mayer, eu bem acredito que seja transado sim.

Vocês, meus colegas de internet, sabem bem que para a gente se sentir a vontade com uma marca, dentro do ponto de venda, é necessária a espontaneidade.  Que nem quando entramos em alguma comunidade, seguimos alguém no twitter, curtimos no Facebook. Tudo tem que ser de coração.

Com tanto avanço tecnológico e científico, fico no aguardo de vendedoras geneticamente modificadas, concebidas sob o mesmo DNA dos garçons de rodízio, que são treinados para não olharem nos olhos dos clientes e os ignoram, para fins de não-serviço.

Okey? Então Ok.

3 comentários:

  1. E ainda tem o famoso " vamo entrar mooooça"...do camelódramo

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  2. Desculpa o atraso, mas eu acho que a Paula do bbb11 tem cara de (bola-gato) + eira.

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  3. Eu simplesmente abomino essa espécie, por isso AMO comprar pela net, sem pressão externa. Pior são alguns sites como o balão da informática q inventaram de colocar um pop-up c a cara de um vendedor e um intimidante "Posso ajudar?" logo q vc entra no site!
    Odeio isso, pq nos momentos em q elas realmente podem ajudar de verdade elas nunca ajudam!

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