quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O Aluguel de um apartamento.

Quando me mudei para São Paulo, em Agosto, havia um plano. Eu dividiria apê por três meses, alugaria um kitinet por seis, depois alugaria um apartamento pequeno e, por último, daria entrada em um maior, sendo dona de uma casa própria aos 25 anos. Mas a vida nos destina surpresas: geralmente em forma duma puta decepção. Isto, claro, se você for filho de Oxossi com Murphy, como eu.

Primeiro porque o fator grana em São Paulo é, como diriam os fenícios, foda. Tudo é muito caro. Se você leu O Segredo de Luisa aos 19 anos e encasquetou que tem espírito empreendedor, saiba que sua vida só terá 3 certezas a partir de então: a morte, os impostos e o salário do seu contador. Em síntese: se fudeu.



Conformada com isso, percebi que kitinets na Maria Antônia (onde moro) têm preço alto, como os apês bacanudos da Avenida Beira Mar (onde morei), em Fortaleza. É absurdo. Pior que sempre vai ter um porteiro com a desculpa Padrão:

''Ahhh, moça! É que aqui tem o Mackenzie do lado, né?!''

Gente, fala pra mim: quem é o Mackenzie na noite? Eu tô me lixando pra isso! Lá só tem playboy filho de fazendeiro que veio do interior para praticar evasão na cidade grande. Inclusive sou a favor do projeto ''Criança fora da rua dentro da escola'' para os Mackenzistas. Mas nem vou me estender muito nisso, porque os estudantes desta célebre instituição de ensino têm sua importância no mercado.O mercado de bebidas.



Fora que o movimento dessa juventude aqui nas redondezas até deixa a rua mais...tranquila, relax e tal. É que é muita maconha, vocês não têm noção! Se são tão moderninhos assim, deviam fumar na mesa de jantar com os pais, que pagam a mensalidade do curso (momento Leila Germano de Trabalho Familia e Propriedade)!!! A propósito, se eu puder dar um conselho para a vida, direi que nunca ouça o que um porteiro tem a dizer em defesa de algo. Porteiros têm duas únicas missões nesse plano: dormir e provar para qualquer mulher que além de cabeça, tronco e membros, ela também tem bunda e peito.

Mas em nome dos meus propósitos, fui firme e abstraí drogadinhos, porteiros fanáticos, aposentados que passeiam com poodles e vestem calção ''santropeito'', de modo a dividir as bolas... tudo! Comecei a caça ao melhor micro apê da região. Então deparei-me com um gargalo logístico do setor imobiliário que eu jamais pensei que poderia existir:
- PESSOAS NÃO PODEM ALUGAR IMÓVEIS -



É, caro leitor... Para que você entenda o ninho de rato em que me meti, preparei um diagrama:

1) Você precisa morar, mas não tem grana para ter uma casa própria então você.... ? ALUGA
2) Para alugar, a imobiliária te pede um...? FIADOR COM DOIS IMÓVEIS DE GARANTIA


PAROU!!!! 
Pensem comigo: ninguém em sã consciência quer ser fiador de ninguém nos dias de hoje - exceto na relação entre pais e filhos, claro. Depois tem o fator DOIS IMÓVEIS de garantia. Quem é que tem DOIS IMÓVEIS dando sopa em São Paulo e põe o filho pra morar de aluguel num kitinet ?????

3) Aí você pede auxílio ao Seguro Fiança da Porto Seguro e...? ELES PEDEM COMPROVANTE DE RENDA.
4) Você dá, então eles pedem comprovante de que trabalha há séculos na empresa.
5) Então eles pedem comprovante de residência sendo somente válido: água, luz e telefone.




PAROU!!!! 
Se você trabalhasse há séculos na empresa, certamente seria promovido e certamente estaria dando entrada em uma casa novinha em folha. Outra coisa: não há, eu disse NÃO HÁ, a menor chance de uma pessoa que está procurando apartamento para alugar em uma cidade nova ter comprovante de residência DA RESIDÊNCIA!!!!!! 

Resumo da ópera: a pessoa que criou essas diretrizes só pode ser mais perdida que tic tac em boca de banguelo. Mas tudo bem, vou até o fim nesse processo, pois posso ter levado NÃOs, posso ter levado fumo, mas se tem uma coisa que eu não levo nessa história é desaforo pra casa. Até porque ainda não há uma casa.

Okey? Então OK.

sábado, 25 de dezembro de 2010

O Foursquare e as Compras Coletivas

O fato de você ler o meu blog implica diretamente em você ter um perfil em rede social. Ninguém sabe dele fora do perímetro Facebook e Twitter (Desconsiderem toda e qualquer forma de orkut. Não é de minha natureza). Partindo disso, subentende-se que você já tenha conhecimento do que vem a ser o Foursquare.

O Foursquare, pra quem não sabe, é um dedurador virtual de pessoas. Ele informa, nas redes sociais, onde você se enfurnou em tempo real - o que interessa em geral só à pessoa que está no local, vamos combinar. A mensagem fica mais ou menos assim: 

''I'm at Mercadinho do Seu João (Av Blablabla Whiskas Sachet, 12345, Bairro da Carochinha, Terra do Nunca) htto://4sq.com/xpto''



O mundo ideal, claro, seria se o Foursquare tivesse uma réplica em forma de botão, como o 'Curtir' do Facebook. Já imaginou o botão 'Quem perguntou?' ??? Aí sim.

Uma curiosidade: a Nasa contou toda pomposa que, em outubro desse ano, o astronauta Doug Wheelock foi a primeira pessoa a fazer check in no Foursquare diretamente do espaço. Agora me diz: tua mãe tá morrendo na fila do SUS por falta de remédio e atendimento digno e os caras tão vibrando por que deram um 4sq da órbita terrestre? Quê que é? Querem um biscoito por isso?

Mas devo admitir que para o Marketing isso tem funcionado bem, em se tratando de retorno. O Facebook lançou uma versão própria de localizador: o Facebook Places (versão própria de novo, né, Zuckerberg? Senta lá). Pelo que se sabe, este tem capacidade de atingir um público maior - 500m em relação aos 3m do Foursquare. A vantagem para a gente, que é obrigado a ler sem o botão do desdém,  é que isso pode ser casado com o Facebook Deals, que traz todas as ofertas mais próximas do local indicado. 




Todo mundo têm acessado mais os sites promocionais a partir dessa mecânica de localização e tem visitado mais as lojas achando que sempre vai ser assim. Que nem acontece com os sites de Compras Coletivas, que não têm nada de localização, necessariamente, mas viciam a gente em descontinho. 

O que me deixa indignada desses sites é que eles lotam minha caixa de e-mail com promoções e promoções e promoções. Gente, se não é nada pessoal, por que eles querem me depilar a qualquer custo??? Juro! Um dia desses veio pra mim:

''5 seções a laser (meia perna) por R$ 247,00'' - Nunca pensei que fosse tão caro amputar...



 Fora que eles dão uns nomes bem estranhos aos sites: Clube Urbano, Peixe Urbano... daqui a pouco o saldão de rock do ITunes vai chamar de Legião Urbana (me lembrem de me autoflagelar por ter escrito essa besteira). O Peixe Urbano, em especial, é o nome mais tosco, porque se você parar para pensar, isso dá margem para a gente achar que existe o peixe rural, o que me remete diretamente aquele sabor Galinha Caipira, mas isso não vem ao caso.

O importante é que o Foursquare é bom pra quem usa (que quer provar a todo custo uma vida social dinâmica e interessante em lugares badalados da cidade) e pra quem lê (que não tem essa vida, é gordo, sedentário, tem vergonha de sair de casa e compra tudo da internet). Mas se você, homem casado, quer rastrear sua mulher, dê-lhe em mãos um cartão de crédito conjunto e passe esse sofrimento só uma vez por mês, ao receber a fatura. 

Okey? Então Ok.


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Os salões de beleza

Salões de beleza são a condicional de toda criatura do sexo feminino. Não queremos, mas precisamos passar por lá de vez em quando. É que não adianta ser filha, amiga, mulher, mãe, profissional, se você não tira os pêlos da virilha e das pernas, ou se sua unha não é pintada com Inveja Boa, Café Crème, Baila Comigo, Tititi e todas essas cores abaitoladas de esmalte.

O mundo expurga quem não faz a depilação higiênica (aquela com extensão para a portinha dos fundos), um tipo de tratamento que, por sinal, me mata de vergonha toda vez que vou acertar as contas no caixa:

''Oi... eu vim pagar a conta... foi drenagem, pé e mão e... depilação'' (já deixando o valor certinho no balcão).



Digo isso sempre com o mínimo de decibéis possíveis, para não chamar atenção, mas não adianta.  Caixas de salão de beleza são treinadas com a técnica milenar de acabar com sua moral em  três palavras:

''FEZ O ÂNUS TAMBÉM???'' - ela grita.

Como o universo teima em conspirar para o meu fim, sempre tem um homem hétero fazendo alguma coisa no cenário, para olhar para mim na mesma hora.

''Fiz - digo irritada - mas que diferença isso faz se eu já estou te pagando?''
''É que com o ânus sai 13 reais a mais'', responde a moça sempre muito profissional e em voz alta.

13 reais. Esse é o valor da dignidade do seu ânus. Mas mudemos de assunto, porque os salões de beleza têm muito mais conteúdo do que você imagina. As manicures são um ótimo exemplo!



Toda manicure tem um speech e um ritual padrão para reproduzir conosco. Primeiro elas sentam naquele banquinho de gente submissa, tiram o esmalte anterior, lixam, cortam, dizem que você tem muita cutícula, serram, passam base, pintam no seu tom escolhido e, para fechar com chave de outro, aplicam uma quantidade miserável de óleo secante sem o menor zelo. Não sei vocês, mas eu fico muito, muito indignada na hora do óleo secante. Elas tiram uma porçãozinha furreca do negócio e nem triscam na sua unha! Tenho muita mágoa de manicures. É sério. Manicures dão um jeitinho de perguntar seu nome no final do trabalho, com o único propósito de usar no vocativo ''Obrigada, Leila''. Sinto-me um nada.

Mas o mau está todo concentrado em outra classe peculiar desses estabelecimentos: os cabeleireiros. Antes mesmo de dar bom dia, eles perguntam se você quer hidratar.

''Não, vou só cortar mesmo. Aparar as pontinhas.''

Eles vão querer hidratar seu cabelo sempre: cortando, escovando, lavando, fazendo penteado... qualquer que seja a modalidade, sempre haverá uma hidratação disponível. Cabeleireiros são mensageiros de Deus na hidratação capilar da humanidade. A vida da deles depende disso. Que se exploda o mundo! Você precisa hidratar seu cabelo.

Gente! Pra quê hidratar cabelo e beber água, se eu uso Monange? Taí a Xuxa, que não me deixa mentir...



A melhor parte dos salões de beleza, sem dúvida, fica por conta da distração: as revistas de fofoca, que funcionam como o método torturador de clientes. Eles fazem questão, te entregam em mãos edições de Caras, Quem e Contigo. O intuito é bem claro: não te deixar ler.

Não leia revista fazendo a unha (você borra tudo e não pode pôr a mão no potinho d'água). Não leia revista na maca de drenagem e depilação (você tem que virar de um lado pro outro). Não leia revista fazendo escova (sua cabeça será puxada de todos os ângulos e será impossível a leitura). Em síntese, não aceite revistas de profissionais de beleza. Não dê esse gostinho. Engula a seco cada minuto ali dentro, pois em tempos de guerra vai ser assim.

Okey? Então Ok.

A Geração Digital e os tiozinhos

Para comentar um pouco sobre bonitinhos e bonitinhas das gerações Y e Z, compactarei toda a corja, nomenclaturando-a de Geração Digital. Gente jovem, fina, elegante e sincera com habilidade para novas tecnologias e formas de relacionamento em rede. É bem por aí.

Como todo post da tia Leila, esse é mais um avacalhativo e analítico da visão deturpada que gerações anteriores têm da gente. Porque é fato que temos uma sobrecarga de conteúdo inquestionável se comparado a eles (X e Baby Boomers) e, como todo conflito de ideias, rola uma birra.



Para facilitar a leitura, não deixando um texto chato, concluí que a turma do Renew tem uma imagem equivocada de nosso time. Portanto, preparei uma relação sobre essa relação:

#COMO ELES NOS VÊEM?
Pele com colágeno cercada de touch screen por todos os lados (botão não, porque botão é coisa do passado). Seremos ótimos informantes do mundo das redes sociais, atualizando-os com velocidade sobre as coisas que acontecem no mundo sem que eles tenham o trabalho de pesquisar (ou aprender a pesquisar) em nossas fontes.

Por falar nisso, eles nos enxergam também como ótimos pesquisadores e profissionais rápidos, embora pensem que nossos canais de pesquisa sejam procrastinação pura com isso aqui de vadiagem. Acham, em síntese, que somos repletos de alvos e, portanto, desfocados. Coisa de zona de conforto.



#COMO NOS VEMOS?

Nós somos netos de uma geração extremamente cautelosa e prudente (os Baby Boomers, do pós guerra) e filhos de outra despirocada em drogas, sexo e rock'n'roll que, graças à onda do bom senso que permeou os anos 90, tomou tendência e viu que era tarde demais - enquanto eles viviam o ridículo do exagero, nós nascíamos. Somos fruto de uma sucessão de burradas políticas e econômicas que resultam em mais burradas culturais e climáticas, ou seja, um mundo cu.

Um mundo em que nossos superiores nos vêem unicamente como procrastinos e desfocados - no meu tempo, o nome disso era arrogância. Um mundo perdido, escroto, louco. É por essa falta de orientação e pela vontade de fazer as coisas mudarem, que inventamos um novo mundo: o mundo digital.




 Lá, a gente pode customizar as coisas a nosso modo, adicionar, conhecer, bloquear e excluir pessoas. Isso acontece, porque o mundo real chegou no nível impraticável. No mundo digital, a gente também tem o poder de mudar o foco a hora que quiser, plantar e motivar pessoas do mundo todo de forma rápida por uma boa causa (ou não), falar com gente famosa, virar gente famosa... Internet é parte da alma do jovem da geração Digital e celulares, laptops e IPads são nossa extensão do cérebro.

Bagunça e falta de foco o caramba. No mundo digital, nós temos regras - mais até que no mundo real, diga-se de passagem. Regras de uma vida ideal de sociedade - o todo comanda. Não existem líderes que não foram eleitos por uma comunidade, de fato. Lá nós mentimos e falamos a verdade, bem como sabemos discernir quando outra pessoa faz o mesmo. Definitivamente, a geração digital sem querer escolheu viver bem - na internê somos todos iguais e fim de papo.

                                          

Vivemos o geral. Não é má vontade, ou mediocridade de não nos aprofundarmos em algo. As palavras mágicas são convergir, colaborar e compilar conteúdo e eu acho isso até bem saudável no desenvolvimento cerebral de uma galera que pegou a rebarba do mundo e tem muita coisa pra assimilar.

Aí você pergunta: mas tia, Leila! Que porra é essa? Cadê as piadas? Aí eu respondo: vai tomar no cu. A piada dessa vez é o choque de valores e a falta do crédito que deveriam depositar em gente nova. O mundo é acelerado e, enquanto houver gente cuzona sem a humildade de reconhecer que todo mundo anda mais ou menos pareado, mais posts como esse virão. Aprendizado é via de mão dupla (daquelas, bem indianas) e eu que não me meta a besta de não querer aprender - com quem vem e com quem vai.

Okey? Então Ok. =)

domingo, 19 de dezembro de 2010

O meu Natal

Faltam quatro dias para o Natal. Quatro dias para eu escolher algo realmente mais convincente que uma bandinha de Lexotan ao som de Arnaldo Antunes e esperar o sol nascer.  Minha família está longe. Meus amigos, os de infância, estão longe. Meu passado está longe.




O Natal também foi um dia ruim, porque foi o dia que o Luiz morreu. Faz um ano que meu melhor amigo morreu. Exatamente na madrugada do dia 24 para 25 de Dezembro. Pouca gente que me conhece de redes sociais sabe disso, mas eu tinha uma segunda face, um segundo coração batendo fora de mim. Luiz hoje deveria estar com 22 anos e um sorriso imenso no rosto por eu ter vindo para São Paulo - na cabeça dele, a paulicéia desvairada é o reduto dos VIPs. Sim, ele era bem deslumbrado, mas nada que tirasse seu brilho.

Não tem sido fácil esse tempo longe de tudo o que construiu minha identidade: vida simples, low profile, amigos despojados, pais sem estudo, minha paróquia, a academia (e o corpo magro, que aos poucos vem ganhando volume), meus livros, meus desenhos, meus gatos... Hoje a Leila Germano que escreve nesse blog assumiu um compromisso - quase um pacto de sangue - com o humor.


Eu preciso me manter alegre. Eu preciso me manter focada. Eu preciso me manter cordial com todo mundo sempre, do jeito que eu gostaria de ser tratada. Não tem sido fácil. Uma válvula de escape, lógico, é essa loucura quase milagrosa chamada Internet. Twitter, Facebook, o próprio blog... tudo isso tem me deixado sob controle, mais alguns amigos de São Paulo que pararam para entender o que tenho passado aqui.

É complicado, colega, percorrer uma estrada que você não conhece, usando a educação recebida de casa e um pouco dos instintos. Tenho aprendido na marra a perceber quem me faz bem e quem não faz. Tenho andado apática com as pessoas e me surpreendido, por incrível que pareça, com atitudes simples! Uma boa conversa - sem interesses - é artigo de luxo, um abraço comove, um beijo extasia, um olhar desarma. Estamos na cidade onde tudo isso é mais difícil de se conseguir. São Paulo é um mundo zipado e cada pessoa aqui é um arquivo de extensão diferente. É aqui que me propus a viver e vou vivendo, construindo minha história, dia por dia, tijolo a tijolo...



O Natal é bonito na Paulista, mas não tem mais significado para mim. Pode parecer heresia da minha parte, católica, ex coroinha, ex coral de igreja, ex liturgia... Pode parecer heresia, mas é só tristeza mesmo. E que Deus perdõe minha sinceridade, mas o Natal hoje é só saudade, inclusive do tempo em que eu contemplava Jesus menino, na manjedoura.

Jesus menino, ele me entende. Porque nesse Natal, quem vem ao mundo - o zipado - sou eu também. Esse é meu primeiro Natal em São Paulo. Esse é o primeiro Natal da minha nova vida. E que eu nunca perca os calos da antiga, que me trouxeram até aqui. :)

Saudades mãe, pai, irmãos, vó, Karol, Juarez, Alvinho, Júnior, João e todo mundo que passou pela minha história e nunca sai dos meus pensamentos. Breve a gente se reencontra.



E vocês, leitores, não esqueçam de mandar Papai Noel tomar no cu. Não esqueçam de viver o que o Natal mais traz de bom: a VIDA. Abracem seus pais e amigos por mim e digam o quanto os amam.

Okey? Então OK.

=)

Um Feliz Natal a todos.

sábado, 18 de dezembro de 2010

As Novelas

Você é brasileiro, trabalhador, tem mais de 18 anos e não tem grana suficiente para bancar programaas culturais quase todo dia? Então você é um assíduo telespectador de novela. Parabéns.

Se você assiste novelas, provavelmente sabe bem o que é ficar feliz com a felicidade alheia, triste com a tristeza alheia e mandar um aparelho de televisão ir à merda quando o casal de mocinhos da trama se separa (o que não acontece com os aparelhos Sharp, porque não se chuta cachorro morto). Resumindo: não temos estrutura psicológica para aceitar a perda num bom enredo.



Os responsáveis por isso são os autores e diretores e, de vez em quando, o elenco. Eles fazem todo um combinado de produção, interpretação e roteiro parecerem trabalho feito em encruzilhada. É batata: passa a novela e no dia seguinte todo mundo tá comentando. Legal isso, né? Não! O nome disso é escrotice!

Não sei se acontece só comigo, mas eu sei toda a fórmula de sucesso das novelas e mesmo assim continuo assistindo. Por exemplo, ninguém tem plano de saúde no núcleo rico. Todo mundo tem o médico da família. Uma coisa assim bem anos 30. É claro que estamos falando do Doutor Moretti.



Quando o Dr. Moretti não resolve, é caixão (literalmente!). O mais engraçado é que quem vem dar a notícia do papoco não é o próprio, mas sim o médico novinho que é irmão gemeo do Cesar Tralli."Fizemos tudo o que foi possível, mas..." - ele diz. Nessa hora, todo mundo se abraça. Fosse no SUS, seria diferente:


"287! Quem é o 287? É o senhor? Ó... seguinte. O seu filho veio a óbito. É, meu senhor, ele morreu. Tão despachando o corpo lá na ala C, vá lá. Num esqueça de pegar sua fichinha ali, ó.''


Falando em presunto, as refeições na TV são sempre a cara da aristocracia, diferente do que acontece na vida real. Lá em casa, quando um bolo está saindo do forno, todo mundo tasca logo uma fatia. Nas novelas não. Tanto no núcleo rico quanto no pobre, vai haver sempre um bolo inteiro sobre a mesa do café da manhã. Tudo estaria OK, não fosse o fato de ninguém comer. O desperdício não acaba aí. Além do bolo, da jarra de suco, das torradinhas com três opções de patê e do povo limpar a boca com guardanapo de pano usado sem o menor pudor em refeições rotineiras, temos um problema muito mais grave: a Marcinha e a Renatinha.



Quem são Marcinha e Renatinha? São as duas maiores responsáveis pela subnutrição da juventude classe média da teledramaturgia brasileira. Sim, porque você tem um café da manhã colonial sobre a mesa, desses de convenção de firma em hotel, aí chega a atriz anoréxica, capa da Gloss, senta, pega uma uva e diz:


''Oh! Meu Deus! Estou atrasada!'' (jogando a uva na boca)
''Espera, filha! Come direito...'', diz a mãe socialite.
''Não. Marquei de ir estudar na casa da Marcinha''.

O figurino é um capítulo a parte. Já reparou que ninguém anda descalço na própria casa? Pelo contrário, eles andam pelos cômodos com a roupa que eu uso pra ir à missa. Acho chique.

Outro detalhe importante do núcleo rico é a empresa. Sempre haverá uma empresa para conduzir os negócios da família. O problema é que começa novela, acaba novela e o público nunca sabe exatamente o que a empresa faz. E, mesmo com 60% do elenco sendo acionista, ela em determinado momento abre falência.

Para salvar a bagaça, claro, temos a matriarca da família. São coroas tão chiques, tão chiques, que não têm o menor vestígio de vó. Por exemplo, vocês imaginam a Fernanda Montenegro fazendo bolinho de chuva, ou pedindo 200 gramas de mussarela na padoca? Não orna.



Manoel Carlos é caso extra! Tirando o fato de todas as mulheres mais fodonas do mundo se chamarem Helena (nesse contexto, Deus se lixou pra mim), temos um fator crucial que divide tudo no pensamento Nietzcheano do bem e do mal: o Leblon e o não-Leblon.

- Porque no Leblon, todas as domésticas falam português correto e têm cara de donas de uma rede de salão de beleza;
- Porque no Leblon, as pessoas são leitoras proficientes dos clássicos da literatura brasileira;
- Porque no Leblon, a instituição da família tem peso tão forte, que mãe e filha dividem o mesmo macho;
- Porque no Leblon, toma-se água de coco e suco e deixa-se a metade;
- Porque no Leblon as pessoas falam com sotaque de São Paulo;
- Porque no Leblon, o problema da violência é resolvido com passeatas nas quais os manifestantes se vestem de branco, sensibilizando bandidos, polícia e Estado'
- Porque no Leblon, ninguém fala palavrão e os xingamentos se restringem a ''Cafajeste! Idiota! Bobo! Cara de Mamão!'' (a novela Malhação certamente é gravada no Leblon).

Tudo sempre igual. Romances, traições, assassinatos, cenas cômicas e mais um monte de ingrediente que puxa nossa atenção durante mais ou menos 6 meses. Muitas histórias acontecendo em paralelo para acabar em um mesmo fim: casamento, seguido de gravidez, seguido de cena de confraternização final com muitos bebês e uma assinatura tosca de FIM.

Mas não podemos negar que o Brasil sabe fazer bem a coisa. Não há em todo o mundo melhor produção de novelas que aqui e no fim das contas isso gera emprego e entretenimento para milhares e milhares de pessoas. Assistamos novelas, mas mantenhamos nosso senso crítico aguçado: é bom para o moral.

Okey? Então Ok.

sábado, 11 de dezembro de 2010

O Amigo Secreto

Fim de ano náo é somente encontros, alegria e oba oba. Tem o lado negro da força e aí que mora o perigo. Começando por algo que persegue qualquer indivíduo com vida economicamente ativa há milhares de anos: o amigo secreto.

Você planeja, centavo a centavo, o que fazer com a graninha que entra: tirar o nome do SPC, esperar as liquidações de janeiro, pagar a fiança do seu irmãozinho maconheiro... Mas a vida lhe reserva algo novo.



Tudo começa quando o colega mais pro-ativo da firma decide pensar no bem comum e fazer uma comemoração pelas conquistas do ano. Sem que você perceba, seu nome foi inserido em uma lista de nomes posteriormente dilacerada em papeizinhos. É o sorteio. É seu fim.

A partir daí a chinela de Murphy canta. Muito provavelmente você sorteará alguém desconhecido. Para desonerar, estipula-se um valor, geralmente em torno de ''a partir de R$ 60,00''.

HORA DAS COMPRAS: Agora são só você e o papelzinho. Começa uma corrida terapêutica para descobrir mais sobre tal pessoa, sem ter que consultar os colegas e estragar a surpresa. Em busca de vestígios de personalidade, você analisa o nome. Se for Jéssica Michelly, por exemplo, trata-se de uma típica classe C, cuja mãe sempre quis ir aos EUA, mas não tem condições e se contenta com um hidratante Victoria's Secret. Mas não. Murphy é implacável e o seu amigo secreto terá um nome blasé: Carlos, Roberto, Maria... Fiquemos com o exemplo de um Carlos.



O que faz um Carlos? Do que um Carlos gosta? Para onde os Carlos migram no inverno? Nunca espere nada de um Carlos.  Eles estão na portaria do seu prédio, no frigorífico, no alto escalão de uma empresa... Acho que quem escreveu aquela passagem bíblica ''Rache uma lasca de madeira e eu estarei lá. Levante uma pedra e me encontrará'' foi um Carlos.

Certo. Desistamos do nome e vamos à técnica mais traumatizante: dar algo caro para impressionar e cobrir o desleixo da escolha. Então você entrega o dinheiro na mão de alguém cujo gosto você confia cegamente. Um encarregado.

A HORA H: Você ainda não viu seu presente. Seu encarregado mandou embalar muito bem e resumiu a compra em um otimista ''AH! O CARLOS VAI AMAR!!!''. Dada a largada, Ferreiro Rocher, Agenda,  livros da Lya Luft e DVDs do Ritmo Quente são entregues sem o menor pudor. Sim, você calcula o custo de cada um e percebe que foi o único que pagou a cota mínima.

Há uma verdadeira carnificina mental a cada julgamento:

''Que escroto! Ele trouxe uma caixa de 15cm x 10cm embalada num papel dos ursinhos carinhosos! Tomara que não seja eu.'' ou ''Caramba! Uma sacola da Natura. Aposto que ela tirou pedido das últimas páginas. Mesquinha...''.



Para segurar a audiência, o inventor do amigo secreto criou a ''descrição suspense'', embasada em uma singela rasgação de seda. O nome disso, companheiro, é ética.

(   )''É uma pessoa boa.''
(   )''É uma pessoa inteligente''
(   )''É uma pessoa engraçada''

Eu queria um dia ir a um amigo secreto em que os participantes falassem, sem papas na lingua:


''O meu amigo secreto é um escroto filho da puta. Não comprei NADA pra você, porque você me deve uma grana. Um beijo, Carlos''.

Chega sua vez. Você anuncia, genericamente, o indigente sorteado:

''A pessoa que tirei é muito bacana e importante no nosso grupo. O meu amigo secreto é o Carlos''.

Carlos se levanta e você percebe que não se resume só ao nome - ele também tem cara de figurante. Carlos abre o pacote. Tensão. ''Poxa, obrigado - a voz dele também é de gente comum -.  Um saleiro e um pimenteiro em formato de ampulheta! (Caralho! Invcntei isso agora. Seria incrível se existisse!!! Sou foda. Ok, voltemos ao texto)''.
Agora a sequência lógica. Você:

1) Fica muito feliz de o Carlos ter gostado;
2) Fica muito feliz que seu encarregado teve realmente bom gosto;
3) Fica muito feliz que foi o melhor presente da festa;
4) Fica puto, porque não ganhou isso.

O que você ganhou? Nada. A pessoa que lhe tirou não pôde comparecer. Mas não fique triste, nem sinta-se esquecido. Alguém lembrou de você e olhou por você esse tempo todo: Murphy, seu lindo.

Okey? Ok.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Os Programas de TV.

"Oi, auditório mais lindo do Brasiiiiooooo!!!  Ela não é linda, gente? Tá cada dia mais jovem! Hebe, sua gostosaaaa" - é com esta declaração clichê que eu começo o post de hoje, bastante aguardado, por sinal.

Programas da TV formaram meu caráter e o de toda a geração Y. Cresci maquinando possibilidades de um dia ser como os apresentadores de nossas queridas emissoras abertas. Lógico que, na condição de aspirante a diva, sempre quis algo além de minhas contemporâneas. Enquanto todas queriam ser Paquitas, eu queria ser a Hebe Camargo.

O motivo é bem obvio: a Hebe usava jóia grande. Todo mundo ia com roupa de casamento pra Hebe. A Hebe distribuía flores da Catia Janini para o público - eu nem sabia que diabo era Catia Janini, mas só em ser Catia Janini já tava bom.

Então eu me mentalizava descendo uma escada de LED com gelo seco, pegando nas mãos das pessoas, sendo recebida por dois Go Go Boys e tomando um café da manhã reforçado que nem a Xuxa. Por falar nisso, que café da manhã era aquele, gente? Quem é que nessa face terrestre corta melancia, mamão, melão, maçã e carambola em sentido zigue zague só para satisfazer o próprio ego?

A Xuxa não tinha noção da caristia que era aquilo. Nunca que a minha mãe ia gastar moraaaango no café! E suco de jarra de vidro, gente!? Lá em casa só tinha suco de jarra de vidro quando vinha visita. A gente já sabia que vinha alguém por esse sinal e pela salada de travessa. Era chique.



Outro programa bacana era o do Gugu. Quando você pensava que ele já promoveu todas as faixas possíveis do CD do É O Tchan, ele conseguia se superar e lançar uma nova, e mais outra, e outra...
Fora o fato do cara ter vencido preconceitos. Ninguém acreditava na virilidade do Gugu, por ele ser um homem de voz de coelho da páscoa com nome pueril. Aí um dia ele engravida uma mulher, mostrando para todos que era um varão como qualquer outro.

Uma das coisas que eu mais gosto no programa do Gugu é a câmera transvaginal, que revela o endométrio de suas assistentes de palco, enquanto elas dançam sensualmente ao som dos seguintes versos:

"Meu pintinho amarelinho / cabe aqui, na minha mão / na minha mão / quando quer comer bichinhos, com seus pezinhos ele cisca o chão" (Oscar Wilde)

Também curto quando ele vai lançar a revista masculina cuja capa foi estampada por uma de suas convidadas. Na publicação, ele põe cuidadosamente a unha do dedo mindinho para tapar as genitais. Em seguida, anuncia a matéria dos padres cantores e o helicóptero mortífero de Silvana Kieling, que provavelmente sobrevoará algum terrível acidente.



Mas nada supera os quadros de cunho social. São transformações, dias de princesa, reenvio de nordestino para a terra natal... Inclusive acho uma injustiça mandarem meus conterrâneos de avião para casa. Particularmente, defendo que o retorno seja como a ida - caminhão mambembe lotado. O motivo é simples: nordestinos vêm pro Sudeste de pau de arara e não de Gol justamente para fugir da fome.

Nordestino é assim: na seca, se apega a São José. Na estiagem, a Santo Expedito. Na chuva castigando, a São Pedro... mas com um maxi goiabinha para passar por 3 conexões, meu povo, você perde até a fé.

O importante é que nos quadros voltados ao social, sempre há uma história para comovente para embasar um bom merchan, tudo muito disfarçado na premiação.

"Gugu, nós nos sensibilizamos com a história da menina Kédima Juscilenne, e vamos doar:
(   )UM ANO DE CESTA BÁSICA - Adooooro quando começa assim!
(   )UM KIT DE BELEZA EMBELLEZE - Sempre na coloração louro mel, que num deve sair muito...
(   )UMA CESTA DE BATONS MAXTOM - Não entendo a relação desse prêmio com passar fome.
(   )UM CAVALINHO UPA UPA - desse menos ainda... Aguardo explicações.
(   )UM CURSO PROFISSIONALIZANTE MICROLINS - Porque o mundo vai se acabar em telemarketing e pendrive mesmo...
(   )UM CHEQUE DE 2 MIL REAIS PARA ELA RECONSTRUIR A VIDA - Fé é tudo,, gente.






E, principalmente e não mais que principalmente, a máquina de fazer fraldas. Alguém aí conhece um ser humano que tenha adquirido uma máquina de fazer fraldas? Quem ousa confrontar a credibilidade e a qualidade dos produtos PomPom, Huggies turma da mônica e Pampers? Quem compra? Como uma família sobreviverá vendendo fraldas?  E como uma família sobrevive comprando?

É tão difícil hoje em dia ligar a TV e saber que só se vê notícias ruins. Fome, guerra, catástrofes e o programa da Sônia Abrão assolam o mundo. Ainda bem que existem os merchans para segurar a audiência e "falar de coisa boa". Isso me tranquiliza e hoje eu sei que, por maior que seja a dificuldade que eu passe na minha vida, sempre haverá um Juarez da Tek Pix e uma Aracy da Top Therm para dar um recadinho rápido pra você.

"Porque se a vida te der limões, faça uma limonada no novo Super Juicer Wallita. Sucos frescos, rápidos saudáveis em segundos por apenas dez parcelas de 19,90 - menos de um real por dia."

Okey? Então Ok.

sábado, 6 de novembro de 2010

Os Produtos

Não é por acaso que larguei tudo para ser publicitária: tem coisa melhor que vender produtos e serviços de inúmeras e malucas maneiras e, o que é pior, ver que as pessoas assimilam exatamente assim? Ok, tem coisa melhor que isso, mas eu tô pouco me lixando para a opinião de vocês. Eu gosto de falar de produtos e acabou.

As pastas de dente, por exemplo, são um caso curioso. Primeiro que esses dentistas são uns vendidos, ou vocês nunca repararam que eles recomendam todos os cremes dentais sem a cara tremer? Colgate: recomendam. Oral B: recomendam. Sensodyne... epa! A Sensodyne já gosta de uma polêmica.



De acordo com o comercial, 9 em cada 10 dentistas recomendam Sensodyne. Agora pensem comigo: quem é esse mártir da higiene bucal que se impôs e decidiu ir contra a correnteza? Esse dentista é um tremendo de um corajoso, que desafiou tudo e todos em prol de um ideal:

- "Sensodyne o caramba! Eu uso Jessi Cristal, com juá e hortelã, muito mais conceito". -


É, caros leitores, esse cara no mínimo deve viver de serviço de proteção à testemunha. A família dele deve tá marcada, mas ele tem um propósito: a luta em defesa da inserção do juá e do hortelã no dia a dia das pessoas.



Particularmente, dá medo de escovar os dentes com uma pasta que mistura ingredientes nada a ver. Bom é que o povo meio que institucionalizou essas misturas: cebolsa e salsa, tomate seco e rúcula, papaya e cassis... Só acho essa última dupla meio deslocada, porque cebola e salsa, beleza, põe num tempero. Tomate seco e rúcula, de boa, faz salada. Mas... Onde é que você vai usar papaya e cassis? Aliás, que porra é cassis, gente?

Eu nunca vi um cassis. Eu nunca vi uma framboesa. Eu nunca vi uma baunilha. Páááára! Isso é ludibriar o consumidor. A baunilha é a pior prova disso, porque ela não disfarça. Ela é o sabor de quem não tem opinião formada.

Na bíblia tá escrito que o bagulho tem que ser quente ou frio, morno a gente vomita. Isso vale pra o mundo dos sabores também. Meo, ou você é morango, ou você é chocolate. Se você é baunilha, é porque você é um cara sem personalidade, liga? Inclusive sou a favor de incluir o teste da baunilha em entrevistas de emprego e psicotécnicos, pra saber qual a índole do candidato.

Gente que gosta de baunilha é gente que abre a geladeira nas Americanas e compra sorvete de creme. Creme do quê? Creme do caralho! Sorvete de creme não tem graça, e sempre pede acompanhamento de alguma coisa pra ficar bom: petit gateau, banana com canela... coisa de covarde, de gente dependente. Se seu amigo lhe chamou pra ir na sorveteria e ele pedir sorvete de creme, fique esperto: ele vai te pedir grana emprestada. Não caia nessa!

Também não precisa ter frescura com comida, do tipo:

(*) "Esse suco é natural, ou de polpa?".
(-) "É de polpa. Aceita?"
(*) "Aaaahhh... Não, brigado. Eu só tomo se for natural".



Porco imundo com tendências à subnutrição congênita, a polpa vem da fruta. E a fruta vem da natureza. Agora bebe essa porcaria toda, senão te ponho pra capinar terreno de urtiga de sunguinha da Rosa Chá, seu estorvo - a técnica de capinar nunca falha.

Se tiver com fome, não pense duas vezes e coma. Se quiser uma picanha suculenta e tiver grana só pra um macarrão instantâneo, compre o Cup Noodles picanha. Cup Noodles é como a Geisy Arruda: na foto parece gostoso, mas na real é meramente ilustrativo.

Okey? Então ok.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A Prostituição

Há quem diga que a mulher tem mais é que se valorizar. Eu concordo, por isso, fico imaginando se eu fosse puta, quais seriam os valores. Não que eu precise, ou queira (mentira), mas acho importante você saber preços, indicadores de mercado, cotações de esquinas, etc. Vai que um dia... né?

Às vezes tento me precificar, supondo serviços, acréscimos, descontos e pacotes. Sejamos mais diretos: quanto custa um boquete? Um boquete deve custar até mais caro que o restante, uma vez que ele demanda técnica, paciência (quem faz não vê muita graça, vai...), feições de sensualidade (pois é, Brazew!) e fatores de risco.


Não tenho nada contra putas, a não ser o fato de elas viverem melhor que eu: ganham bem por poucas horas, estão sempre lindas e sexyes, têm os homens aos seus pés e, um belo dia, um deles aparece no cavalo branco e fala "Oi, querida! Eu vou tirar você desse lugar, dessa vida".

Agora fala aqui pra tia: quaaaaando que um boy vai chegar na agência, numa daquelas madrugadas pilhadas de job, e vai dizer: "Eu vou tirar você dessa vida"? A puta pelo menos ouve isso depois que termina o serviço. Pelo menos no meu caso quem sente o prazer em se fuder sou eu. Eu gosto do que eu faço, vai... (momento ternurinha).


Eu acho que puta devia ter plano de carreira, porque mais cedo ou mais tarde a vida fica séria. Tem tanta puta tentando a vida política sem deixar de se assumir puta. Lá em Fortaleza, elegemos a Débora Soft vereadora e a Adriele Fatal dePUTAda estadual - ambas trabalhavam na boate Bumbum Dance (do lado da minha casa). Hoje estão na vida política, que é quase a mesma coisa, afinal, elas sempre trabalharam com Programa de Aceleração do Crescimento.

Tem gente que fala que atrizes pornô são putas, alegando que elas ganham dinheiro para satisfazer terceiros com um pecado capital, a luxúria. Se for assim, garçonetes do McDonads também são, gente! Vai dizer que você não satisfaz sua gula com um BigMac?



E moças que casam com homens ricos, engravidam e são obrigadas a ouvir que deram o golpe da barriga? Golpe da barriga elas vão levar depois de 5 anos de casadas, com o tamanho da pança de cerveja do maridão.

Mas é isso, queridos. Todos somos iguais e merecemos respeito, independente do que somos: prostitutas, travestis, são paulinos e fãs do Restart. Só quero que vocês saibam que nessa vida, não devemos julgar ninguém, pois aqui se faz, aqui se paga. Tudo tem seu preço. O meu é R$ 500,00 a hora. Reverberem.

Ok? Então, Ok.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Computador

Não vivo sem computador desde os onze anos de idade. É claro que demorei para ter o meu: minha mãe, não podendo comprar um, dizia que era do demônio.

Aliás, tudo o que o dinheiro não podia comprar, lá em casa, era endemonizado. Patins: do demônio. Super Nitendo: do demônio. Disquinho Xuxa Park ao vivo, da Xuxa... e por aí vai. Maldito demônio: tinha de um tudo...



Diante das circunstâncias, tive ganhar um concurso de redação do Instituto Ayrton Senna para ter o meu. Lembro que Windows 95 era tudo na vida e eu me acabava no Paint e no Word fazendo cartões de Natal caseiros para enfeitar a casa. Sim, porque eu tinha uma impressora Epson Stylus Collor 300. Vrrrraaah!

Eu achava muito chique aquela coisa toda de caixa de diálogo. Parece que o computador tem vida própria e conversa com você: "Ocorreu um erro número 327 e seu computador precisará ser desligado". Como assim, gente? O que tem a ver o erro 327 com ele ter que ser desligado? Que erro é esse? O que ele faz? Se ligar o computador novamente vai resolver o problema, pra quê desligar?



Mas tem umas caixas de diálogo que são do bem, vai... Adoro aquela que diz "Seu computador pode ser desligado com segurança". Juro pra vocês que quando leio isso sinto uma sensação de limpeza, dignidade e bem estar. É como se eu tivesse passado Vick Vaporub na alma.

Tinha uns medos muito loucos também. O do MS-DOS é bem clássico. Aquele layout preto com letras piscantes em fonte de gosto duvidoso contraía todos os meus nervos. Que nem Setup. Pra mim, Setup ia deletar todos os meus arquivos, ou, pior, abrir alguma coisa do MS-DOS pra eu mexer. Não podia ver uma tela assim que já chamava o técnico. Ele, por sua vez, não podia ver um probleminha que já dizia a palavra mágica: FORMATAR.



Formatar está para o técnico de informática, assim como Virose está para o médico do SUS. Explica, mas não diz nada. Nunca formatei uma máquina minha, sabe por que? Porque pra isso, eu teria de fazer Backup - outra palavra maldita. Por que maldita? Porque Backup me lembrava Setup, que por sua vez me lembrava algo ruim que está por vir. É por isso que eu não vou ao médico fazer checkup, vai que... né?

Okey? Então, ok.

domingo, 31 de outubro de 2010

O Pau no cu

Já vou pedindo desculpa aí pelo título e tal, mas ele é necessário à abordagem que faremos hoje. Trataremos do Pau no cu no seu mais subjetivo e genuíno significado: o cara pau no cu.

Antes que vocês se assustem e tentem fugir dessa realidade, alerto que os PNCs estão por toda parte. Pode ser o bombadinho da academia, o metido a playboy do condomínio, aquele bonitão que fala português errado, ou até o ser desprezível da sua turma de amigos que ninguém sabe por que diabos foi aceito no grupo. Ou pior: pode ser o playboy bombadinho que fala português errado pertencente à sua galera. Se esse for seu caso, tenho uma observação pertinente a fazer: SE FUDEU!!!



Eu acho que ninguém nasce Pau no cu... prefiro acreditar que é uma coisa adquirida, formada pelo meio. Prova disso é que o próprio cu já fica no meio. Do alto dos meus 23 anos, já tirei algumas horas para observar o comportamento Pau no cu. Desde criancinha eu faço isso - daí meu radar para sacar quando um ser humano desprovido de noção está predestinado à Cu-pauzonice. Vamos aos meus faomsos tópicos:




Paus no Cu:

1. Picham muros com um spray comprado em londres no Amex do papaizinho.
Minha consideração: Nem pagar esses trambolhos tu consegue, né porco filho da mãe?

2. Vão à academia se admirar no espelho e inflam o peito quando uma garota passa.
Minha consideração: Homem que é homem infla outra coisa, rapá.  Isso aí é coisa de Barbie do banheiro...

3. Batem em mulher
Minha consideração: Sexo frágil é você transando, seu brocha!

4. Passam no vestibular mais furreca e ganham um carro por isso.
Minha consideração: Inveja. Discórdia. Ódio. Mal.

5. Fazem esquenta da balada no posto de gasolina e põem rap no som do carro pra cidade toda ouvir.
Minha consideração: Deixa de ser consumidor e vai morar na favela, trabalhar no corre pra ver qual é.

6. Discotecam na boate do amigo e dançam sem camisa com óculos escuros nas raves.
Minha consideração: botasse pra capinar terreno desde criancinha isso num aconteceria...




Portanto, se você for um jovem pai que ainda tem poder sobre a educação dos filhos, não permita que essa vida atinja seu lar. Por um mundo com menos pessoas enchendo o peito para dar informações batidas e chatas como "tomate é fruta", ou "é pavê ou pá comer" e similares...

Okey? Ok.

sábado, 30 de outubro de 2010

A vida nordestina em São Paulo

Passada a seca do 15, a Guerra de Canudos e a escolha da nova vocalista da banda Magníficos, nós, nordestinos sofredores, ainda somos obrigados a passar por mais um momento de dificuldade e fazer de nossas orelhas um cosplay de penico. Estou falando das pérolas que ouvimos aqui no sudeste por motivos como falta de esclarecimento, falta de educação ou falta de uma boa trepada também.



Tem de tudo e, a cada dia que passa, percebo quão inesgotável é a fonte. Portanto, desenvolvi um bate e volta de algumas perguntas e citações que já ouvi com suas respectivas respostas. Serei representada por um "-" e terceiros serão representados por um "*". Segue:


[ NA LOCADORA DE DVD ]
* Você é cearense?
- Sou...
* Mas você é tão bonita, não pode ser cearense.
- Cala a boca e me atende, balconista.

[ NO RESTAURANTE ]
* É claro que a Dilma vai ganhar, só tem "baiano" votando nela.
- Desculpa... baiano?
* Ah... digo... nordestino. É que nordestino tudo vive de bolsa família.
- Jura? Engraçado, eu sou nordestina, não vivo de bolsa família e não vou votar na Dilma.
* Mas não é todos os nordestinos, só esses pescadores sertanejos aí...
- Pescadores são litorâneos... Ok.

[ NO BARZINHO ]
* Então você é de Fortaleza? Adooooro Recife!
- ...

[ ENQUANTO UMA PESSOA OUVIA JUSTIN BIEBER ]
* Ecaaaa! Quem tá ouvindo Justin Bieber?
- Não sou eu...
* É  a Leila! Ela que gosta dessas coisas tipo Calypso!
- Eu? Que tem a ver?
* VocÊ que gosta dessas coisas aí do NORDESTE...
- Meu cu.

[ NO SHOPPING ]
* Você vai comprar esse vestido?
- Vou, gosto da estampa floral.
* Owwwnnn...que bonitinho, também, né? Representa suas raízes e tal.
- Minhas raízes? Mas aqui não tem flores também?
* Ah, mas flor no Nordeste é mais folk.
- Folk é a vaca da tua mãe ovulando pelo touro do teu pai.

[ NO ELEVADOR ]
- Preciso comprar um carregador pro meu mac.
* Você comprou um mac aqui e já queimou?
- Não. Comprei em Fortaleza. Já faz 4 anos.
* Comprou um mac em Fortaleza? Mas pela Internet, né?
- Não. Na loja mesmo ueh...
* Na loja? E tem loja que vende mac em Fortaleza???
- Na loja do MacDonalds. Veio dentro da sacolinha do Mac lanche feliz.

[ NO SUPERMERCADO ] 
* Seu sotaque é diferente. Você é mineira?
- Não. Sou cearense.
* Ué, mas você nem fala como pernambucano...
- Talvez por isso sejam estados diferentes.
* Ah, acho tão bonitinho o jeito como vocês falam... Oxente, lindjo...
- Também acho  bonitinho o jeito como vocês falam "pobrema", "é  nóis", "quer que eu pego pra você?"...

[ NUM TAXI ]
* Esses nordestinos ficam vindo pra cá tentar a vida... lotam a cidade de favela, não tem espaço pra nada.
- Mas a cidade só é desenvolvida, porque nordestinos são uma força de trabalho comprometida e competente. Fora que São Paulo é um pouco Brasília - é terra de ninguém. Foi feita por migrantes e imigrantes. Ela sempre será isso. Quer dizer q italianos e japoneses podem vir, mas nordestinos não? Que cabeça mais rasa a de vocês, não?
* Mas olha esse trânsito aí... tudo engarrafado.
- Então nordestinos moram em favela e têm carro?
* Não, mas eles ficam em ônibos aí...
- (???)



Para deixar claro, eu ADORO São Paulo, mas AMO o Ceará. Só vim por projetos profissionais e busca de experiências culturais novas que, confesso, precisam ser desenvolvidas no meu estado. Mas confesso que me frustrei quando vi que, enquanto chove oportunidade profissional, falta muito de educação básica na cabeça de uma grande parte da população. Principalmente daqueles que moram de aluguel em um apartamentinho ovo, falam inglês no meio da frase e se acham classe média.



Tenho maior orgulho de ser da terra do escritor José de Alencar, do advogado e comediante Chico Anysio, do pai da música clássica erudita no Brasil - Alberto Nepomuceno, de ser neta da minha avó, que é índia e de nunca perder o bom humor e a sagacidade, como todo conterrâneo.

Adoro muita gente aqui e fui muito bem recebida por todos que me cercam. Mas tomo as dores de todo mundo que vem pra cá com projetos pessoais, problemas pessoais q levaram a fazer isso, e é incompreendido e mal recebido. Porque o melhor exercício pra gostosões e gostosonas ainda é inclinar-se para elevar o outro. E isso a gente não aprende em academia.

Okey? Ok.





quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A Farmácia

Sempre que posso, vou à Farmácia conferir as últimas tendências em drogas e adjacências.

É regenerador passear entre gôndolas, descobrir produtos, sentir cheiro de éter misturado com aloe vera dos absorventes... Aliás por que diabos fazem absorvente com Aloe Vera? Genitais femininos serão sempre genitais femininos: úmidos e apáticos.


Isso até me lembra o papel higiênico com aroma de pêssego e rico em vitamina E. Gente, fala pra mim: que baitolagem é essa? Pra quê vitaminar a cavidade anal? Ainda mais com vitamina E, que tem tocoferol e evita radicais livres... Que vantagem o ser humano tem em evitar radicais livres logo no único local onde não bate o sol? Né? Ainda tem perfume de fruta! Por que pêssego? Porque lembra uma bundinha? Ah, vá...

Mas farmácias têm curiosidades felizes também, como a seção de perfumaria. Lá, você encontra Shampoo, Condicionador, Hidratante, Sabonete...menos perfume. O que mais tem são produtos pra cabelo!
Shampoo pra cabelo liso, pra cabelo cacheado, pra cabelo colorido, pra cabelo misto, pra todos os tipos de cabelo... epa! Peraí, que porra é essa? Se tinha shampoo pra todos os tipos de cabelo, pra quê inventaram todo esse circo?



Pelo menos os shampoos nos proporcionam momentos íntimos culturais, ou você vai negar que sua literatura de banheiro não é o Modo de Usar?! Seja no chuveiro, ou no vaso sanitário, você pega o frasco do seu shampoo/ condicionador preferido e lê proficientemente o passo a passo do bom manuseio. Sinceramente, eu sou contra Modos de Usar em produtos assim. Já reparou que são todos iguais: "Aplique XXXXX sobre os cabelos úmidos, massageando-os em movimentos circulares. Deixe agir por três minutos e enxague bem.".

Páaaraaaaa! Qual o indivíduo massageia o cabelo em movimento circular e deixa agir por 3 minutos? Evolução, por favor!



É tudo uma grande enganação, que nem no comercial de absorvente - adoro falar disso! Na TV, a mulherada menstrua azul. Vou até falar uma coisa pra vocês: a gente que passou pela transição da infância para a vida de mocinha sabe quão chato é menstruar vermelho. É deprimente descobrir que não existe gel azul correndo nas suas veias.

Falando em propaganda enganosa de farmácia, não esqueçam do case Protex, o sabonete bactericida. Se tem uma coisa que me deixa injuriada, é o gráfico da propaganda, que mostra o sabonete eliminando  as bolinhas de bactéria do corpo. Quando você tá quase se convencendo de comprar o produto, ele deixa uma de resto. Uma bactéria. Uma mísera e maldita bactéria. Provavelmente aquela que vai provocar sua morte e a não perpetuação da sua descendência. Porra, Protex! Mata logo tudo aê, meo!



Mas nem só de higiene pessoal vivem as farmácias. Tem os remédios. Tudo bem que eles não sustentam o estabelecimento, mas de vez em quando geral compra, pra ajudar no corre. Claro que nem tudo se pode comprar com liberdade. Remédio para tratamento só é vendido sob prescrição médica! E ainda vem com o recado: ao persistirem os sintomas, o médico deve ser procurado. Só se for pra apanhar, porque é uma puta falta de sacanagem prescrever um bagulho que não surte efeito... Médico escroto!

Então, meus queridos, o post de hoje foi isso. Façam mais passeios na farmácia do seu bairro. Vejam o que há de mais legal e, principalmente, reflitam em cima do que encontrarem. Ali, o couro come e ninguém vê.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Festa de Pobre

Desculpem a demora deste blog, mas hoje foi um dia beeeem cheio. Não reclamem, pois esses enchertos que pagam minhas contas. Oraporra.

Mas vamos ao que interessa...
Em meio aos altos e baixos sociais que já vivi, algumas coisas me marcaram bastante. Coisas como festas de pobre. Vou até ser breve na introdução, porque tem muita coisa para mostrar. Como todo ser animado, os pobres gostam de celebrar momentos. Para destacar-se entre os demais, eles costumam priorizar a sinalização em seus festejos de forma bem nítida. Afinal, pra quê placa, se tem a porra das cadeiras de plástico na calçada? Né, não?



Desde o começo da rua você já percebe aquela movimentação de tiazinhas conversando e comendo o famoso "pratinho". Aí você pergunta: "Pra-tiiiiinho?". Aí eu respondo pra você: "Ah, tá bom, senhor abastado... vai dizer que nunca comeu esse troço? Ok...". Vou até fingir que acredito em você, e explicar o que são os "pratinhos".

O pratinho é o ato de comer, dividido em duas etapas. A primeira, com dizem os franceses, é o "petit dejeuner", também famoso "branch", que aqui chamaremos de "cocrétchy". Os "cocrétchy" são os vulgos sagadinhos, as frituras. Variando de fornecedor pra fornecedor, geralmente são combinados e:
- Coxinha (De frango)
- Enroladinho (De creme a base de...ah! Enfim... enroladinho!)
- e Bolinha (São sortidas. Pobre nunca sabe o que vem na bolinha, podendo ser queijo, carne, ou cará tilápia, carinhosamente chamado por eles de Bacalhau). Okey? Ok...



Lembrando que esta é a fase 1 do pratinho. A fase da distração. Porque o "pra valer" da história vem na fase dois, que não tem nada de engana bucho: O JANTAR.

Aniversário de Pobre tem que ter um jantar no estilo americano: cada qual vai lá na mesa (coberta com a toalha do altar gentilmente emprestada pela paróquia), pega um pratinho de plástico, os talherzinhos de plástico e se serve. Opa! Mentira! Quem serve são as tiazinhas gordas da calçada - eis a função delas! Elas dosam a porção exata que a mãe do aniversariante designou. Tendo um pouco de sorte, ao pedir mais, você ouve um "É o que tem pá ôji!".



O cardápio é quase que secular: creme de galinha - honrosamente chamado de estrogonofe, Salpicão de frango (haja hormônio nesse angu!), salada verde (na realidade branca, pois tem acelga, repolho e cebola), arroz e batata palha. Pegou o pratinho? Pegou os talheres? Óóóótimoooo. Agora vem a hora do malabares. Sim, porque no fim dessa sequencia vem os refris. Não espere uma coisa Coca Cola Company... E nem querendo ser desgraçosa demais, mas já sendo...Vai ser refrigereco. Quer saber? Whatever... tá no inferno mesmo, abraça o litro de Dolly, vai...

Agora é sentar na cadeira de plástico, que provavelmente estará escorada na parede cheia de morfo, e posicionar seus aperitivos. Sim, porque, por quais razões o Criador teria feito as pernas humanas, se não para apoiarmos um pratinho de aniversário? O copo de refri pobre gosta de pôr no chão. Muito mais conceito. Pra quando alguém passar perto, gritar: "Eeeei rapaz! Olha o copo aê!".



E, por último, falemos da mesa do bolo. A mesa do bolo consiste em uma releitura do sistema solar, sendo o bolo o próprio astro rei, circulado por órbitas e órbitas de brigadeiros, beijinhos, cajuzinhos (não entendo até hoje a relação desse último ítem), lembrancinhas e... outra garrafa de dois litros? Peraí...? Pra que isso, gente? Pra dizer que tem muito mais de onde veio? Ah vá...

Na mesa do bolo está um tesouro muito mais valioso que o próprio bolo: os docinhos. Tanto, que canta-se o "Parabéns", mas não libera-se o Bolo. O bolo é tipo a atração principal do programa. Só come quem dá audiência até o final. Pobre é tão uó, que deixa de pagar um bolo melhor para pagar uma mocinha guardiã da mesa do bolo. Acho conceito. Acho chique. Acho Okey.

Mas e aí? Gostaram? Identificaram? Okey? Então Ok.