segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Geek, pero sin perder la ternura jamás.

Desculpem a ausência de umas semanas pra cá, mas eu andei vivendo um pouco da vida real. Foi vivendo a vida real que eu descobri a refletir um pouco mais sobre a vida virtual - essa, para a qual eu, você e mais um monte de gente desprendemos uma boa parcela do nosso tempo.

Isso tudo assusta. Embora a Internet seja a maior prova de confiança depositada na raça humana, desde a democratização da pólvora, esse negócio não tá muito certo. A gente tá falando de atribuir às pessoas um poder baseado em uma ferramenta de informações aberta e nada estruturada. Qualquer um pode dizer o que quiser na rede e trollar à vontade. A gente permitiu isso! A gente permitiu que toda uma geração viesse ao mundo e crescesse com uma expectativa reduzida do que é e do que cada pessoa pode se tornar.


Todo mundo hoje tem um gadget a tiracolo. Essas coisinhas foram pensadas no efeito manada e não na inteligência individual. Os programadores precisam urgentemente pensar na inteligência individual, senão todo mundo vai ficar louco e nem vai perceber. Sabe por quê?

Porque esses aparelhinhos são a extensão do nosso corpo. Eles vão criando raízes na gente (e é sério!) pelas quais nos conectamos ao mundo. Parece lindo, mas essas raizes mudam fácil fácil a forma como vemos esse mundo. A gente tem que se sentir mais gente, sem deixar que a vida virtual passe por cima disso.

Acima do seu perfil do Facebook, do Twitter, do Youtube, do Linkedin, do Orkut (oh wait!) e do que quer que exista de rede social, está VOCÊ. Conheça mais a pessoa que você é e que você pode se tornar. Todo mundo precisa ser alguém antes de se revelar. Faça isso pela saúde da sua psique.

                                                 

A promessa, antigamente, era de uma "abertura das janelas de todos" - lembra? Daí o Windows. Mas a Internet se deteriorou e devolveu as pessoas à escuridão. Tudo bem que tem gente que só ganhou com isso e eu sou uma delas. Anônimos sádicos ganham com isso. Mas, no geral, existe uma par de pessoas comuns que não foram preparadas para um crescimento tão descontrolado de poder e visibilidade.

Tem um negócio chamado Noosfera que une todos nós. A Noosfera é tipo "o grande cérebro coletivo", a nuvem computacional de todas as pessoas conectadas à Internet. É claro que isso é uma ideia, gente. Precisa tomar cianeto não! Mas já tem gente dizendo que a Noosfera, unida, consegue ser mais foda que o cérebro humano. Quer saber o que eu acho? Eu acho isso uma loucura.

No fim das contas, o significado de personalidade foi reduzido à ilusão dos Bits e não é assim que a vida funciona. Não é a informação que deve ser livre, porque ela nunca esteve presa. São as pessoas - geradoras de informação - que devem ser libertas. A informação é só uma experiência alienada. Os Bits existem, mas são misturáveis e discerníveis por GENTE. Bits só servem quando significam alguma coisa para ALGUÉM e forem vivenciados por PESSOAS. Essa experiência é o único processo capaz de desalienar a informação.
 Pra finalizar, preparei uma lista, tipo aquelas que a gente vê de "reciclar o lixo, ir de bicicleta ao trabalho, etc". Uma lista do que podemos fazer para mudar o mundo pela Internet. Porque dá! Olha só:

1) Não poste mensagens anônimas, a não ser que você esteja em perigo.
2) Seja Wiki (colaborador) fora da Wikipedia também. Pessoas ao redor do mundo precisam de educação e estímulo para envolver-se com informações contribuídas e com o que você escreve na web.
3) Crie um Website que expresse algo sobre quem você realmente é, sem ser aquela página padrão de Facebook ou qualquer outra rede social. Uma página genuinamente SUA.
4) Publique um vídeo que leve bem mais tempo para ser concebido que para ser assistido.
5) Escreva um blog com mensagens que levem semanas de reflexão antes de você ter ouvido a voz  interior da expressão
6) Faça tweets interessantes e demonstre que você é interessante. Nada daqueles eventos triviais como "Comidinha da Mammy, hmmmm", ou Foursquares da vida.
7) Seja uma pessoa e não uma fonte de fragmentos a ser explorado pelos outros.


Acho que o texto foi longo, mas expressou bem as reflexões dos últimos dias. A retórica de que nós somos obsoletos em relação à computação é fascinante, mas sem fundamento. Um computador não chega a existir sem você para vivenciá-lo. Não se subestime. Navegue com moderação.

Okey? Então Ok.

3 comentários:

  1. Interessante leitura, também com suas falácias, que pode aprofundar sua reflexão: O Mundo Codificado, Vilém Flusser, Cosac & Naify.

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  2. Como sempre, um excelente texto. Adorei a dica n. 6. Tem tanta gente precisando dar uma lidinha nisso...

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  3. Excelente reflexões. Consigo me identificar com todo o texto e com as dicas.
    "seja uma pessoa e não uma fonte de fragmentos a ser explorado pelos outros" - adorei isso.

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