Como muitos sabem, realizei recentemente um dos maiores atos de coragem da pós modernidade: eu mudei de emprego. Modifiquei toda uma rotina e saí de uma zona de conforto (não, eu não trabalhava na Augusta!), em prol de novas experiências e aprendizados e crescimento profissional. Mas isso não é o foco do post de hoje. O foco do post de hoje são os ônibus.
Tenho TRÊS opções de ônibus para chegar até a firma nova:
1) O Perdizes A (não sei a segunda palavra, mas deve ser desses nomes indígenas com que batizam as linhas que passam por bairro pobre).
2) O Perdizes M (idem)
3) E o Apiacás (que é indígena e homônimo da rua onde fica minha agencia), mas não pego porque é amarelo. Vai entender...
A maioria das vezes, pego o Perdizes A, que é azul-facebook, sempre no mesmo horário. Quando escolho essa linha, costumo sentar próximo a um pôster da Hebe sorrindo, com aquelas plásticas e aquelas jóias opressoras. No texto, uma mensagem para a classe desfavorecida: ‘’Saúde não tem preço’’.
Vindo da Hebe, que não se livrou de um câncer seríssimo no SUS, fica meio desconexo. Mas Ok, Hebe é diva.
Em frente ao pôster, sagradamente senta uma gorda comendo coxinha de palmito, o que me irrita profundamente, uma vez que nem deveria existir qualquer outra manifestação de recheio de coxinha que não fosse frango. Gorda incoerente! Aí vocês me perguntam: tia Leeeeila!!! A senhora fica olhando o recheiooo?
Fico. Fico e sempre é palmito se querem saber. PAL-MI-TO!
Passando no heavy centro, ali pela avenida São João, percorro todo um viaduto com seus moradores. Santo Maluf! Não fosse por ele, onde essas pessoas poderiam morar, heim? Aí sim, vi vantagem! Em determinado trecho, uma pichação interessante: ‘’Nóis rouba, nóis trafica, nóis ama. X-TUDO e Loirinha, é nóis que ta’’.
Embora do esgoto, qualquer mulher choraria de emoção com uma declaração de amor assim. O cara se deu o trabalho de se arriscar, pixar o muro, falar que rouba e trafica, só pra assinar com o próprio...ham... eu lírico e o de sua respectiva. É muito amor, gente.
Chegando próximo a Perdizes, mas ainda embaixo do viaduto, tem um trecho com cheiro bem estranho. Cheiro de lixo. Lixo com banana podre. Aliás, na minha opinião, todo lixo tem cheiro de banana podre, aí você vai ver e não tem banana nenhuma. É sobrenatural! E sempre ao lado do lixo, um mendigo com cheiro de urina e sovaco.
Quando rezo para o cheiro ir embora na primeira marcha de partida que o motorista der, Murphy aparece triunfante e o mendigo adentra meu ônibus, sentando no banco a meu lado. O mendigo vai até umas paradas próximas às minhas, olhando para minha cara. Eu nem ligo, vou cantando alto meu Fagner no fone de ouvido e ta tudo certo. Pra isso que tem meu Charisma que tirei pedido na revista AVON, pra retocar nessas horas. Acho chique.
Depois é só alegria. Chega rapidinho. Digo mais: andar de ônibus não é o fim do mundo, como muita gente pensa. É interessante e agrega pra quem gosta de observar o mundo e viajar nas ideias. Todo mundo devia fazer esse exercício de passividade uma vez na semana. Cansativo é querer ser o que não é. Chique é ter assunto e opinião formada.
Okey? Então Ok.
Se eu andar mais de busão, consigo ter a imaginação tão fértil como a sua?
ResponderExcluirKKKKK
Adoro seus textos.
Boa semana.
Rodrigo
http://meucorpoativo.blogspot.com/
Olha, eu acho que essa coisa de andar de ônibus tá no sangue. Ou vc tem esse dom, ou não tem, e pronto. Gosto de viajar ao sabor do vento (quando tem vento), sabendo que estou poluindo o planeta de forma comunitária, mas, ainda assim, em menor escala do que se todos os passageiros do busão tivessem o previlégio de pissuí um carro (em 300 prestações, é claro, e tacando uma revisional). Super apoio! rsrsrssrs...
ResponderExcluir