quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Os salões de beleza

Salões de beleza são a condicional de toda criatura do sexo feminino. Não queremos, mas precisamos passar por lá de vez em quando. É que não adianta ser filha, amiga, mulher, mãe, profissional, se você não tira os pêlos da virilha e das pernas, ou se sua unha não é pintada com Inveja Boa, Café Crème, Baila Comigo, Tititi e todas essas cores abaitoladas de esmalte.

O mundo expurga quem não faz a depilação higiênica (aquela com extensão para a portinha dos fundos), um tipo de tratamento que, por sinal, me mata de vergonha toda vez que vou acertar as contas no caixa:

''Oi... eu vim pagar a conta... foi drenagem, pé e mão e... depilação'' (já deixando o valor certinho no balcão).



Digo isso sempre com o mínimo de decibéis possíveis, para não chamar atenção, mas não adianta.  Caixas de salão de beleza são treinadas com a técnica milenar de acabar com sua moral em  três palavras:

''FEZ O ÂNUS TAMBÉM???'' - ela grita.

Como o universo teima em conspirar para o meu fim, sempre tem um homem hétero fazendo alguma coisa no cenário, para olhar para mim na mesma hora.

''Fiz - digo irritada - mas que diferença isso faz se eu já estou te pagando?''
''É que com o ânus sai 13 reais a mais'', responde a moça sempre muito profissional e em voz alta.

13 reais. Esse é o valor da dignidade do seu ânus. Mas mudemos de assunto, porque os salões de beleza têm muito mais conteúdo do que você imagina. As manicures são um ótimo exemplo!



Toda manicure tem um speech e um ritual padrão para reproduzir conosco. Primeiro elas sentam naquele banquinho de gente submissa, tiram o esmalte anterior, lixam, cortam, dizem que você tem muita cutícula, serram, passam base, pintam no seu tom escolhido e, para fechar com chave de outro, aplicam uma quantidade miserável de óleo secante sem o menor zelo. Não sei vocês, mas eu fico muito, muito indignada na hora do óleo secante. Elas tiram uma porçãozinha furreca do negócio e nem triscam na sua unha! Tenho muita mágoa de manicures. É sério. Manicures dão um jeitinho de perguntar seu nome no final do trabalho, com o único propósito de usar no vocativo ''Obrigada, Leila''. Sinto-me um nada.

Mas o mau está todo concentrado em outra classe peculiar desses estabelecimentos: os cabeleireiros. Antes mesmo de dar bom dia, eles perguntam se você quer hidratar.

''Não, vou só cortar mesmo. Aparar as pontinhas.''

Eles vão querer hidratar seu cabelo sempre: cortando, escovando, lavando, fazendo penteado... qualquer que seja a modalidade, sempre haverá uma hidratação disponível. Cabeleireiros são mensageiros de Deus na hidratação capilar da humanidade. A vida da deles depende disso. Que se exploda o mundo! Você precisa hidratar seu cabelo.

Gente! Pra quê hidratar cabelo e beber água, se eu uso Monange? Taí a Xuxa, que não me deixa mentir...



A melhor parte dos salões de beleza, sem dúvida, fica por conta da distração: as revistas de fofoca, que funcionam como o método torturador de clientes. Eles fazem questão, te entregam em mãos edições de Caras, Quem e Contigo. O intuito é bem claro: não te deixar ler.

Não leia revista fazendo a unha (você borra tudo e não pode pôr a mão no potinho d'água). Não leia revista na maca de drenagem e depilação (você tem que virar de um lado pro outro). Não leia revista fazendo escova (sua cabeça será puxada de todos os ângulos e será impossível a leitura). Em síntese, não aceite revistas de profissionais de beleza. Não dê esse gostinho. Engula a seco cada minuto ali dentro, pois em tempos de guerra vai ser assim.

Okey? Então Ok.

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