quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Festa de Pobre

Desculpem a demora deste blog, mas hoje foi um dia beeeem cheio. Não reclamem, pois esses enchertos que pagam minhas contas. Oraporra.

Mas vamos ao que interessa...
Em meio aos altos e baixos sociais que já vivi, algumas coisas me marcaram bastante. Coisas como festas de pobre. Vou até ser breve na introdução, porque tem muita coisa para mostrar. Como todo ser animado, os pobres gostam de celebrar momentos. Para destacar-se entre os demais, eles costumam priorizar a sinalização em seus festejos de forma bem nítida. Afinal, pra quê placa, se tem a porra das cadeiras de plástico na calçada? Né, não?



Desde o começo da rua você já percebe aquela movimentação de tiazinhas conversando e comendo o famoso "pratinho". Aí você pergunta: "Pra-tiiiiinho?". Aí eu respondo pra você: "Ah, tá bom, senhor abastado... vai dizer que nunca comeu esse troço? Ok...". Vou até fingir que acredito em você, e explicar o que são os "pratinhos".

O pratinho é o ato de comer, dividido em duas etapas. A primeira, com dizem os franceses, é o "petit dejeuner", também famoso "branch", que aqui chamaremos de "cocrétchy". Os "cocrétchy" são os vulgos sagadinhos, as frituras. Variando de fornecedor pra fornecedor, geralmente são combinados e:
- Coxinha (De frango)
- Enroladinho (De creme a base de...ah! Enfim... enroladinho!)
- e Bolinha (São sortidas. Pobre nunca sabe o que vem na bolinha, podendo ser queijo, carne, ou cará tilápia, carinhosamente chamado por eles de Bacalhau). Okey? Ok...



Lembrando que esta é a fase 1 do pratinho. A fase da distração. Porque o "pra valer" da história vem na fase dois, que não tem nada de engana bucho: O JANTAR.

Aniversário de Pobre tem que ter um jantar no estilo americano: cada qual vai lá na mesa (coberta com a toalha do altar gentilmente emprestada pela paróquia), pega um pratinho de plástico, os talherzinhos de plástico e se serve. Opa! Mentira! Quem serve são as tiazinhas gordas da calçada - eis a função delas! Elas dosam a porção exata que a mãe do aniversariante designou. Tendo um pouco de sorte, ao pedir mais, você ouve um "É o que tem pá ôji!".



O cardápio é quase que secular: creme de galinha - honrosamente chamado de estrogonofe, Salpicão de frango (haja hormônio nesse angu!), salada verde (na realidade branca, pois tem acelga, repolho e cebola), arroz e batata palha. Pegou o pratinho? Pegou os talheres? Óóóótimoooo. Agora vem a hora do malabares. Sim, porque no fim dessa sequencia vem os refris. Não espere uma coisa Coca Cola Company... E nem querendo ser desgraçosa demais, mas já sendo...Vai ser refrigereco. Quer saber? Whatever... tá no inferno mesmo, abraça o litro de Dolly, vai...

Agora é sentar na cadeira de plástico, que provavelmente estará escorada na parede cheia de morfo, e posicionar seus aperitivos. Sim, porque, por quais razões o Criador teria feito as pernas humanas, se não para apoiarmos um pratinho de aniversário? O copo de refri pobre gosta de pôr no chão. Muito mais conceito. Pra quando alguém passar perto, gritar: "Eeeei rapaz! Olha o copo aê!".



E, por último, falemos da mesa do bolo. A mesa do bolo consiste em uma releitura do sistema solar, sendo o bolo o próprio astro rei, circulado por órbitas e órbitas de brigadeiros, beijinhos, cajuzinhos (não entendo até hoje a relação desse último ítem), lembrancinhas e... outra garrafa de dois litros? Peraí...? Pra que isso, gente? Pra dizer que tem muito mais de onde veio? Ah vá...

Na mesa do bolo está um tesouro muito mais valioso que o próprio bolo: os docinhos. Tanto, que canta-se o "Parabéns", mas não libera-se o Bolo. O bolo é tipo a atração principal do programa. Só come quem dá audiência até o final. Pobre é tão uó, que deixa de pagar um bolo melhor para pagar uma mocinha guardiã da mesa do bolo. Acho conceito. Acho chique. Acho Okey.

Mas e aí? Gostaram? Identificaram? Okey? Então Ok.

3 comentários:

  1. Ainda bem que não sou pobre, sou liso. Ser pobre é ser pobre de tudo: de espírito, de idéias, de valores e tal. Sendo apenas liso, posso dar a desculpa de que sei o é o bom da vida, só estou dirigindo esse Monza 84 porque não tive grana prum Fiat500.

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  2. Brasileiro tem esse complexo de pobres e ricos...o que importa é estar junto daqueles que nos fazem felizes! e amigos é o que importa nesta vida, sejam ricos ou pobres, todos podem cohabitar juntos e no dia da celebração comem do que há e bebem do que há, porque o que importa é a AMIZADE!!! na minha mesa pode-se sentar o mais pobre do mundo como o presidente da empresa mais rica do mundo...são os dois iguais! Não há distinção!!!e tratados da mesma forma!

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  3. Honestamente eu gostei mais da sua última atualização.
    Mas ainda vejo aqui peculiaridades no seu jeito de escrever que me convencem. ('Astro-Rei circundado por órbitas e órbitas')

    Continuo por aqui com os seus 'okey's ok's'

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